Em Colinas, roda de conversa promove reflexão sobre a participação da mulher na política
Evento da Justiça Eleitoral do Tocantins foi realizado no Cartório da 4ª ZE nesta quarta-feira, 29
Sete mulheres dialogando sobre a presença feminina na política; e uma plateia repleta de pessoas interessadas em refletir sobre esse importante tema para toda a sociedade. Assim foi realizada a roda de conversa do programa +Mulher +Democracia em Colinas do Tocantins, na tarde desta quarta-feira (29/06).
Ao dar as boas-vindas a todas e a todos os presentes, a juíza eleitoral substituta da 4ª Zona Eleitoral de Colinas, Grace Kelly Sampaio, fez um breve balanço da representatividade feminina nos municípios que fazem parte da 4ª ZE (Colinas, Presidente Kennedy, Brasilândia do Tocantins, Juarina e Bernardo Sayão) e alertou para a pequena quantidade de mulheres em cargos eletivos. "Frise que na atual legislatura, nos municípios integrantes desta Zona Eleitoral, integram as Câmaras Municipais 49 membros, sendo apenas 11 mulheres, que representam apenas 22,45%", disse.
Ainda falando em números, a mediadora dos debates, juíza Edssandra Barbosa Lourenço, coordenadora do Programa +Mulher +Democracia, destacou que, nas eleições de 2020, 3.004 mulheres foram candidatas no Tocantins, de um total de 8.679 candidatos. Já entre os 1.200 eleitos, apenas 203 são mulheres (16,9%). "O que a gente percebe é que a cota é cumprida, mas não reflete na ocupação efetiva dos cargos eletivos. Para se ter uma ideia, 16 mil candidatos não receberam nenhum voto nas últimas eleições em todo o país; desse total, 14.500 eram candidaturas femininas, ou seja, candidaturas fictícias", pontuou.
Roda de conversa
A falta da presença feminina nos espaços de poder no Tocantins e o incentivo ainda tímido para a efetiva participação da mulher no cenário político tocantinense foram alguns dos principais pontos levantados pela debatedoras ao longo da roda de conversa.
A promotora eleitoral, Cristina Seuser, destacou as dificuldades que o sexo feminino enfrenta para sair do ambiente privado e reforçou a necessidade da empatia para que um número maior de mulheres se interessem e participem da política. "O ambiente da política ainda está dominado pelo patriarcado, masculino, cisgênero e branco. E isso precisa mudar, somos maioria do eleitorado e os números de eleitos nos mostram que as mulheres votam pouco em mulheres; o voto que está faltando é o nosso", pontuou, ressaltando que a legislação eleitoral vem caminhando para fortalecer a participação da mulher e combater a violência política sofrida por elas.
A presidente da subcomissão da Advocacia Jovem, Dalila Lunkes, também trouxe para a roda de conversa importantes reflexões sobre a dificuldade de atrair e engajar mulheres para participar ativamente do processo político e fez um questionamento interessante aos participantes. "Eu quero a mulher na política, ok. Mas eu quero ser a mulher que está lá? Eu preciso ter a atitude de fazer a mudança. Precisamos de atitudes afirmativas para, assim, alcançarmos a paridade, termos a igualdade necessária na ocupação dos espaços de decisão. Busquem ser a mudança; e assim vamos conseguir fazer a diferença e não apenas cumprir cotas", afirmou.
Já a técnica judiciária Lorena Rocha alertou sobre a necessidade de superar o machismo estrutural para que as mulheres possam ser inseridas nos diversos espaços de poder. "Cito alguns motivos que dificultam a participação da mulher na política, que passam pelo machismo estrutural de toda uma sociedade - a escola não nos preparou para a política; a política não está no cardápio do sonho dos nossos jovens; raramente é sobre o nosso trabalho, geralmente é sobre nossa aparência; e por fim, nos falta inspiração na política. Precisamos mudar essa realidade", disse.
Com três mandatos como vereadora, Valdirene Miranda compartilhou sua experiência como política e enumerou algumas das barreiras que as mulheres enfrentam. "A mulher política precisa de uma rede de apoio forte para ter a oportunidade de correr atrás desse objetivo. A mulher enfrentar uma campanha política sem apoio não é fácil; por isso muitas vezes elas desistem. E está cada vez pior, estamos sendo exigidas cada vez mais e ainda temos que conviver com a violência", disse. "Mas a política é lugar da mulher, sim. A política é o lugar de melhorar a vida das pessoas e nós podemos fazer isso", complementou.
Única prefeita de Colinas em toda a história política da cidade, Maria Helena Defavari também participou dos debates e falou dos desafios da mulher em ser eleita e também de se firmar na política; a debatedora ainda pesou a importância da educação política da sociedade. "Precisamos querer mudar o espaço, o lugar onde a gente vive. Defendo que a educação política na escola é essencial para a construção, formação de políticos no futuro, para que eles pensem na política voltada ao bem-estar coletivo", afirmou.
Presenças
Cerca de 50 pessoas acompanharam a roda de conversa. Entre os presentes, estavam o prefeito de Colinas, Josemar Casarin; as vereadoras de Juarina, Cleidyene Pereira de Sousa e Jordana Rosa de Jesus; e as vereadoras de Brasilândia Deuzileia Gomes Venâncio Miranda e Josilene Alves da Silva Cavalcante. Também estavam presentes secretários e servidores do Executivo municipal, advogados, professores e representantes de partidos políticos.
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Ascom TRE-TO