Justiça Eleitoral do Tocantins visita aldeias Apinajé e incentiva participação dos indígenas no processo eleitoral
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Para garantir a efetivação plena dos diretos de cidadania a todos, independente de raça ou religião, seguindo os preceitos constitucionais que regem a Carta Magna, a Justiça Eleitoral do Tocantins está promovendo ações de conscientização junto a comunidades indígenas. Durante o fim de semana, sábado e domingo (21 e 22/4), uma equipe visitou as Aldeias São José e Mariazinha, que fazem parte da 9° Zona Eleitoral, sediada no município de Tocantinópolis. A ação nas duas aldeias reuniu mais de 400 indígenas de cerca de 40 aldeias da etnia Apinajé, que receberam informações sobre a importância da participação das comunidades indígenas no processo eleitoral.
As visitas nas aldeias integram o projeto do TRE-TO de Inclusão Sociopolítica das Comunidades Indígenas do Tocantins, buscando a efetivação plena dos direitos de cidadania. Nesta fase, a ação ganhou o reforço de outro importante projeto da Justiça Eleitoral, o "Agentes da Democracia - formação de eleitores e políticos do futuro", desenvolvido pela Escola Judiciária Eleitoral do Tocantins (EJE/TO). De forma lúdica, a iniciativa promoveu a conscientização cívica e a preparação dos eleitores indígenas para participarem ativamente do processo eleitoral, estimulando e preparando para a vivência político-democrático.
O juiz eleitoral, Luis Otávio de Queiroz Fraz, usou uma linguagem acessível e descontraída para explicar aos indígenas Apinajés as três formas para participação no processo eleitoral. "A primeira delas é termos mesários voluntários saídos das aldeias, que conhecem o dialeto para orientar de forma correta na hora do voto, a segunda forma é os indígenas eleitores votarem com consciência e não venderem o seu voto, exigindo e cobrando as propostas feitas durante a candidatura, e a outra forma é os próprios indígenas se organizarem politicamente através das suas lideranças para elegerem um representante tanto no legislativo, como no executivo municipal e estadual", ressaltou.
Durante a palestra o juiz Luís Otávio trouxe exemplos de outros indígenas que já ocuparam cargos eletivos e seus nomes ficaram marcados na História política do Brasil, como o indígena Mário Juruna eleito o primeiro deputado federal indígena do país, bem como o líder da etnia caiapó, Raoni Metuktire, conhecido internacionalmente pela sua luta para preservação da Amazônia e dos povos indígenas.
As histórias desses dois grandes líderes inspirou o cacique da Aldeia Botica, Juliano Apinajé. "Tem muitos índios que não votam certo, ou enganam os próprios irmãos mandando a gente votar no candidato que vem aqui na Aldeia, promete e depois não cumpre, por isso é importante nos unirmos e escolher alguém que defenda nossas causas como nas imagens que o juiz mostrou", revelou.
"A inserção dos indígenas no processo eleitoral e o desejo de eleger um representante é muito grande, mas a desunião do nosso povo é o maior impedimento, e a intervenção do homem branco nas aldeias é um dos fatores que nos dividem ainda mais", avaliou o pedagogo e mestre em ciências do meio ambiente, Cassiano Apinajé.
A líder indígena e professora na Aldeia Botica, Aparecida Pereira Apinajé, parabenizou a iniciativa da Justiça Eleitoral do Tocantins, que pela primeira vez trouxe conhecimento para os indígenas que, segundo ela, geralmente são sempre esquecidos pelas instituições. "As informações foram repassadas de forma clara e objetiva, onde todos puderam compreender, agora nossa missão é colocar em prática tudo que aprendemos aqui", disse.
Segundo o chefe de Cartório, Elias Mesquita, ao todo cerca de 800 eleitores indígenas, integrantes da 9ª ZE de Tocantinópolis, estão aptos a votar nessas eleições e orientou, “aqueles que ainda não fizeram a inscrição eleitoral ou precisam regularizar a situação do seu título de eleitor devem procurar o Cartório de Tocantinópolis até o dia nove de maio", disse.
Interação
Os indígenas participaram atentamente do jogo de tabuleiro que é aplicado com pedagogia interativa e lúdica, e por meio de perguntas e respostas que abordam relevantes temas como cidadania, democracia, processo eleitoral, corrupção, voto consciente, entre outros.
A dinâmica foi conduzida de forma descontraída, mas com muita informação, pelo servidor Dourival Reis e com a participação do juiz eleitoral Luís Otávio e do Chefe de Cartório Elias Mesquita, presentes na ação.
Urna eletrônica
Para orientar como votar corretamente na urna eletrônica, a coordenadora da Ação, Ana Carina Mendes Souto, elaborou um manual bilíngue, traduzido para o dialeto indígena com o auxílio do pedagogo Cassiano Apinajé.
"Esse manual foi muito importante, pois aprendi como votar e que devemos anotar o número dos nossos candidatos para levar no dia eleição, eu vou participar das eleições pela primeira vez esse ano, por isso a simulação de uma votação na urna eletrônica me ajudou muito", contou o adolescente de 16 anos, Mardônio Apinajé.
Parcerias
Também fizeram parte da equipe que realizou os dois encontros a pedagoga cedida pela Secretaria Estadual de Educação, Elizandra Bega e os servidores do TRE-TO, Dourival Reis, Joaquim Dantas e José Renato Guimarães.
Participaram do evento a supervisora escolar da Diretoria Regional de Educação de Tocantinópolis, Arlete Rodrigues e a indigenista especializada servidora da Funai, Patrícia Moojen.
Gabriela Almeida – ASCOM TRE-TO